Algumas frases retiradas das sessões



Algumas frases retiradas das sessões


"Eu sei o que preciso de fazer para me portar bem, mas não consigo" (C.15 anos); "Eu não sei fazer nada" (N. 8 anos); "Esta semana não me correu bem...é a escola..." (F. 14 anos); "Não gosto daquela professora!Ela chateia-me e eu respondo!" (R. 13 anos); "Quando ouço a professora a dizer que alguém vai ler, o meu coração começa logo a bater" (D. 16 anos); "Os meus colegas gozam comigo, dizem que sou feia e que não sei falar" (C.10 anos).







sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Entrevista ao Jornal Boa Nova

As férias e o regresso às aulas

             Após alguns meses de aulas, as férias são esperadas ansiosamente. Nas vésperas destes dias longos de descanso, o estado de espírito das crianças altera-se. A vontade de arrumar os livros e de partir para os dias de brincadeira, de passeio, de descanso, de convívio com avós….é cada vez maior.
            O primeiro dia de férias é o início da alteração de hábitos e/ou de horários. Neste dia existe a vontade de fazer tudo o que não se pode fazer em tempos de aulas, como por exemplo, ir à praia, piscina, ver as séries televisivas sem terem a pressão do estudo e dos trabalhos de casa, brincar durante mais tempo, adormecer mais tarde, entre muitas outras coisas…Quanto às crianças que ficam em casa com os avós ou outros familiares, cabe a estes educadores, dosearem o tempo que estão a ver televisão (as séries, como os “Morangos com Açúcar” têm a duração diária de 2 horas; os desenhos animados dão durante a manhã), que estão no computador/internet, etc. Este controlo é importante para que não se refugiem em casa, para que participem nas actividades que frequentam durante o ano e para que convivam com outras crianças ou adultos.
            Esta “sede” de férias verifica-se nos primeiros dias, pois com o tempo, as crianças começam a habituar-se. Habituam-se a estar mais tempo em família, a estarem mais relaxados, a desfrutarem mais dos seus brinquedos. Nas vésperas das férias dos pais, a ansiedade volta novamente, pois o desejo de irem a outros sítios, fazerem novas actividades, de se divertirem e a própria ansiedade dos pais em irem de férias, aumenta.
            Nas férias, os pais tentam encontrar uma forma de descontrair, de se abstraírem das preocupações laborais que ainda restam e de se habituarem a uma maior proximidade com a família. Quando pais e filhos estão finalmente habituados aos momentos de convívio e de lazer em família, o regresso a casa custa. A chegada de férias pode provocar momentos de tristeza e melancolia.
            Enquanto que para os adultos, o regresso ao trabalho pode não entusiasmar, para as crianças, o regresso às aulas pode ser uma fonte de alegria e satisfação. O cheiro dos livros novos, o novo material escolar, as brincadeiras com os amigos e as saudades da escola são razões para as crianças ficarem ansiosas pelo início das aulas.
            Com o início das aulas dá-se mais uma alteração do estado de espírito. Os primeiros dias de escola são vividos com uma maior intensidade, motivação e curiosidade. Passadas algumas semanas este encantamento esmorece e a rotina volta a instalar-se.
            A passagem das férias para o início das aulas mexe sempre um pouco com as crianças. A nós, educadores, cabe-nos ajudá-las nestas fases para que não se sintam tristes, angustiadas e como uma “sensação estranha” (como elas costumam dizer).
           
 Psicóloga Clínica – Dr.ª Lara Guina

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sobredotação - uma mais valia ou uma perturbação?

            A motivação, interesse, criatividade e inteligência acima da média esperada para a idade cronológica de uma criança/adolescente são algumas das características de crianças/adolescentes sobredotados. Os sobredotados apresentam um Quociente de Inteligência acima da média, atribuindo-se importância a valores superiores a 120, sendo a média de 90 a 109.
            Para os que rodeiam um sobredotado, este é visto como alguém que é excelente numa só área ou em várias em simultâneo, obtendo boas notas nos testes de avaliação e não apresentando (aparentemente) dificuldades nos conteúdos leccionados. Mas na realidade não é bem assim. A sobredotação está classificada como uma perturbação da inteligência e pode não ser uma mais valia, como frequentemente se ouve dizer. Um sobredotado tem muitas capacidades, mas também poderá revelar algumas dificuldades, tais como: excessiva atitude crítica, vulnerabilidade à rejeição dos outros, baixa resistência à frustração, a oposição a qualquer espécie de orientação, revolta por pressão dos adultos ou a inadaptação ao infantário ou escola.
            Quando estas dificuldades interferem negativamente no contexto escolar, podemos estar perante uma dessincronia entre a inteligência e a afectividade que impossibilita um aceleramento curricular (transitar do 1º ano para o 3º, por exemplo).
            O contexto familiar tem um papel fulcral na vida dos sobredotados, pois normalmente centra-se muito na criança, estimula-a muito, o que pode ser propício à sobredotação. O desenvolvimento emocional/afectivo destas crianças também é muito importante, desenvolvendo-se melhor no seio de uma família que lhe dê afecto, compreensão e ternura. As capacidades intelectuais não anulam uma necessidade de estimulação da maturidade (emocional e afectiva) da criança.
            Para estas crianças/adolescentes, a escola pode ser uma fonte de motivação, uma vez que satisfaz a sua “sede” pelo saber e a sua curiosidade intelectual. Mas, também se poderá vir a tornar num espaço frustrante e desadequado, caso as suas necessidades não sejam atendidas.
            Os sobredotados possuem necessidades educativas próprias e específicas, o que significa que devem ter um ensino personalizado. O desenvolvimento deverá ser sempre promovido para evitar desmotivação, desinteresse, frustração e, principalmente mal-estar psicológico (ansiedade ou depressão, por exemplo).

Lara Guina
Psicóloga Clínica

Tema do mês nos seguintes locais:
- Mentes Dotadas - Academia
- Sopa de Letras - Academia
- Peroneo - Centro Terapêutico

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Crianças Hiperactivas

           Hiperactividade ou incapacidade de estar quieto é um dos muitos problemas com que pais e professores muitas vezes se debatem no seu dia a dia. As crianças não sossegam um minuto e têm dificuldade em permanecer no seu lugar, tendo uma actividade motora excessiva, parecendo “ligadas à corrente". Movimentam excessivamente as mãos e os pés enquanto estão sentadas, levantam-se durante a aula, correm e saltam excessivamente em situações que é inadequado fazê-lo, falam excessivamente e apresentam impulsividade.
            Assim, consequentemente, estas crianças podem apresentar também um défice de atenção. Não prestam atenção suficiente aos pormenores ou cometem erros nas tarefas escolares, dificuldade em manterem a atenção em actividades, não seguem as instruções do professor e não terminam as tarefas escolares, distraem-se muito facilmente e têm muitos esquecimentos. Tudo isto acaba por comprometer o sucesso escolar das crianças.
            Ser pai ou mãe é, geralmente, uma tarefa difícil, mas quando se trata de um filho com hiperactividade e com défice de atenção, requer ainda mais paciência, prática e habilidade enquanto educador. É importante que os pais destas crianças mostrem que as amam e que as apoiam, de forma a ganharem auto-confiança e auto-estima. Também poderá ser positivo criar boas expectativas, focando-se apenas nas coisas boas que as crianças fazem. Os pais devem rodear-se de amigos que dêem valor e que apreciem as qualidades da criança e que compreendam que o seu comportamento não é causado por falta de disciplina ou por má educação. Para que os pais consigam aumentar os comportamentos desejados na criança deverão recorrer ao reforço positivo e ao reforço negativo (retirar algo que a criança gosta muito – televisão, computador).
            A escola também assume um papel muito importante nestes casos. O processo ensino-aprendizagem deve estar organizado em função das necessidades do aluno, tendo em conta as suas vivências e experiências. Este deve ser delineado procurando desenvolver a capacidade de observação, atenção, memória, calma, concentração, autonomia pessoal e social e de socialização. A criança deve ainda, se possível frequentar uma actividade (judo, yoga, etc.) extra-escolar, de forma a complementar a aprendizagem das matérias escolares e a utilizar toda a sua energia de forma proveitosa.
            Assim sendo, o sucesso da criança hiperactiva depende de todos os membros da família e da escola, e cada um deve dar a sua contribuição.

Tema do mês da Sopa de Letras - Academia e da Mentes Dotadas - Academia

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ocupação de Tempos Livres

As férias da Páscoa estão a chegar!
Está preocupado porque não tem onde deixar o seu filho enquanto vai trabalhar?
Nestes dias de férias costuma andar mais stressado por causa dos horários?
Venha ter connosco. Nós ajudamos. Ficamos com o seu filho até regressar do trabalho.
Temos actividades diveritidas para os mais novos!

Mentes Dotadas - Academia na Tocha (em frente à EB 2/3 da Tocha)

O que é a Perturbação Obsessivo-Compulsiva?

             Qualquer criança ou adulto pode vir a desenvolver esta psicopatologia.
            As características essenciais da Perturbação Obsessivo-Compulsiva são as Obsessões ou as Compulsões, recorrentes, que são suficientemente intensas e ocupam uma parte do tempo dos doentes (mais de uma hora por dia) ou que causam forte mal-estar ou deficiência significativa.
            As Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes que são experimentados como intrusivos e inapropriados e que causam forte ansiedade ou mal-estar (por exemplo, ficar contaminado por cumprimentar com um aperto de mão, pensar se executou ou não determinado acto, tal como ter ferido alguém num acidente de viação ou ter-se esquecido de trancar a porta da rua, mal-estar intenso quando os objectos estão desordenados ou assimétricos). O doente identifica o conteúdo da obsessão como, estranho, fora do seu controlo e que é um tipo de pensamento que esperaria não ter. Contudo, o sujeito é capaz de reconhecer que as obsessões são produto da sua mente e não lhe são impostas exteriormente (como na inserção de pensamentos).
         As Compulsões são comportamentos repetitivos (por exemplo, lavagens das mãos, ordenações de objectos, verificações) ou actos mentais (por exemplo, rezar, contar, repetir palavras mentalmente), cujo objectivo é evitar ou reduzir a ansiedade ou o mal-estar e não criar prazer ou gratificação. Na maioria dos casos a pessoa sente-se compelida a executar a compulsão para reduzir o mal-estar que acompanha a obsessão ou para evitar a situação ou acontecimentos temidos.
            Os objectivos do acompanhamento psicológico são os seguintes:
- Diminuir os sintomas vegetativos da ansiedade;
- Diminuir a frequência, duração e/ou intensidade dos pensamentos intrusivos;
- Diminuir/banir a realização de compulsões/rituais (podem ficar sintomas residuais, mas a pessoa ao longo das sessões vai adquirindo as estratégias necessárias para lhes fazer frente);
- Eliminar comportamentos de segurança;
- Modificar esquemas relacionados com perigo e com a responsabilidade e treinar competências para prevenir recaídas.

Tema do mês na Sopa de Letras - Academia, por Lara Guina

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Já abriu

A Mentes Dotadas - Academia foi inaugurada ontem.

Foi uma tarde divertida para as crianças/jovens e pais. Tivemos animação, demonstração de hip-hop  e demonstração de kempo chinês.

Estão abertas as  inscrições para todas as actividades.

No dia 9 de Abril estará aberta uma sessão gratuita de Psicologia para quem quiser vir tirar dúvidas e expor as suas preocupações.

No dia 16 de Abril estará aberta uma sesssão gratuita de Terapia da Fala para os pais que quiserem despitar alguma problemática dos filhos e para os adultos que apresentam alguma limitação a este nível.

No dia 7 de Maio estará aberta uma sessão na área do nutricionismo para quem quiser vir expor as suas preocupações e expor as suas dúvidas.

Agora, com as férias da Páscoa aí à porta, também estão abertas inscrições para ocupação de tempos livres. Teremos um programa de actividades diversificado. Se não tem onde deixar o seu filho enquanto vai trabalhar, deixo-o na Mentes Dotadas - Academia!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mentes Dotadas - Academia......brevemente na Tocha

Mentes Dotadas - Academia...brevemente na Tocha

ABERTURA DIA 3 DE ABRIL DE 2011 - VENHA À NOSSA INAUGURAÇÃO (OFERTAS E DESCONTOS)

A Mentes Dotadas -Academia, cediada na Tocha (em frente à escola EB 2/3), aceita inscrições para: explicações de todas as disciplinas e de todos os anos, apoio ao estudo, ocupação de tempos livres, babysitting, actividades (kempo chinês, ballet, dança criativa, hip hop, break dance, freestyle, yoga, música, pintura), formação, workshops. Também fazemos festas de aniversário nas nossas instalações com animação, bem como animamos casamentos, baptizados e outras festas (por exemplo, festa para jovens com Dj) e alugamos automóveis para esses mesmos eventos.

A Mentes Dotadas - Academia possui uma equipa multidisciplinar com o objectivo de satisfazer as necessidades das crianças, jovens e adultos: Psicologia Clínica, Pedopsiquiatria, Nutricionismo e Terapia da Fala.

sexta-feira, 11 de março de 2011

RECRUTAMENTO

Pretende-se recrutar professores que prestem explicações de: Português, Inglês, Alemão, Francês, Matemática, Química, Física, Biologia....a alunos de todos os anos.

Os interessados deverão enviar o currículo por mail: laraguina@hotmail.com

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Fobias: como ultrapassá-las?"

            Desta vez, decidi abordar o tema das fobias devido a um crescente número de pacientes que tenho recebido com esta problemática.
            Os pais referem que os filhos têm vergonha de falar em público ou de se exporem a pessoas conhecidas ou têm medo de alguma coisa em específico (um animal, carros, máquinas). Até chegarem à consulta, os pais, tentam diversas vezes estimular a superação desta problemática, pois a dinâmica familiar sofre alterações, na medida em que a criança/adolescente deixa de participar em actividades ou deixa de conviver com colegas/familiares e isola-se.
            Uma fobia específica pode ser definida como um medo excessivo, constante e não razoável desencadeado pela presença ou antecipação do confronto com a situação ansiógena. As crianças/adolescentes quando confrontados com estes estímulos podem desenvolver um ataque de pânico. Em consulta, facilmente identificam as sensações corporais no momento do pico da ansiedade: aumento do ritmo cardíaco, sudação das mãos, gaguez, falta de ar, tremores, entre outros.
            Nestes casos, a Terapia Cognitivo-Comportamental é a que eu elejo para ajudar os pacientes a superarem estas dificuldades. Depois de uma entrevista clínica, recolho o “onde”, “quando” e “como” se manifesta o comportamento-problema. De seguida, o paciente é convidado a reflectir sobre as sensações, emoções, pensamentos e comportamentos nas situações ansiógenas. O objectivo é desmontar as crenças disfuncionais (ex.: “Eu não vou ler na missa nem fazer o peditório porque os meus colegas vão gozar comigo, vão dizer que sou feia e que não sei falar”) através de uma análise, dando pontos de vista positivos, de forma a criar esquemas adaptativos (ex.: “se eu não fizer o peditório estou a dar importância àqueles colegas que gozam comigo”).
            Assim, em consulta, pretende-se:
            - Relaxar o paciente e trabalhar esta fobia através da imaginação ou, numa fase mais avançada, 
            através de um contacto directo;
            - Criar situações em que o paciente se tem de imaginar nelas e tem de ir    relaxando à medida que o
            nível de ansiedade aumenta;
            - Fazer o paciente perceber que os pensamentos negativos que vêm à cabeça são prejudiciais;
            - Tentar desenvolver estratégias com o paciente para que no dia-a-dia lide  
            melhor com a situação.
            - Aumentar os níveis de auto-estima;
            - Desenvolver a auto-confiança.

            Nestas sessões é feito um trabalho conjunto entre psicoterapeuta e paciente, mas o paciente é quem tem o papel principal, pois tem como trabalho de casa treinar a técnica de relaxamento e tentar aproximar-se da situação ansiógena de forma calma e relaxada, tentando ter sempre pensamentos positivos.

Tema do mês de Março da Sopa de Letras - Academia
Lara Guina

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A complementaridade entre a reabilitação física e a reabilitação mental

             O impacto de uma lesão neurológica (traumatismo crânio encefálico ou acidente vascular cerebral, entre outras), num indivíduo que até esse momento estava bem de saúde, é sempre um momento de angústia para o próprio, para a família e para os amigos.
            A família fica preocupada com as limitações (físicas, pessoais, sociais, profissionais e afectivas) e sofrimento que estas lesões causam e tenta lidar com a situação da melhor forma que sabe. Mas não é fácil!
            A sociedade, é como se tivesse “padrões de normalidade definidos”, e estes padrões, na sua maioria, não incluem indivíduos portadores de deficiência física. Assim, o indivíduo e a família para além de terem de lidar com a nova situação também têm de lidar com a falta de oportunidades sociais. Esta falta de oportunidades e as limitações referidas podem causar no indivíduo um sentimento de revolta, de desvalorização e de grande tristeza.
            Um mal-estar psicológico (tristeza, irritabilidade, falta de paciência, isolamento) pode vir a desenvolver alguns conflitos familiares que acabam por afectar psicologicamente os restantes elementos da família.
            Para além de toda a reabilitação física, torna-se fundamental a intervenção de técnicos especializados para que a família se reorganize e para que cada elemento volte a desempenhar o seu papel (dentro dos possíveis). Desta forma, uma intervenção ao nível da Psicologia Clínica (terapia familiar), poderá ajudar o indivíduo e a família a reconhecerem e a aceitarem as limitações impostas pela deficiência; poderá ajudar o indivíduo a restabelecer-se, incentivando-o a tomar decisões, a tomar iniciativa e a desenvolver uma maior autonomia; e poderá estimular a família no sentido de não deixar de apoiar o indivíduo e não deixar de o incluir nas actividades e tarefas diárias da família.
            É muito importante a família permitir ao indivíduo uma progressiva autonomia. É necessário estimular uma ampliação das relações sociais, um desenvolvimento máximo ao nível da independência na sua reintegração pessoal, evitando situações de isolamento e de superprotecção.

Lara Guina - Psicóloga Clínica (http://laraguina-psicologa.blogspot.com)
em parceria com
Centro Terapêutico – Peroneo (www.peroneo.pt)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tema do mês na Sopa de Letras - Academia: A importância da afectividade entre pais e filhos…

            Muito se tem falado ultimamente acerca da depressão, pois nunca esta doença foi tão frequente quanto é hoje. A depressão na criança é hoje uma realidade. A ideia da infância como um período tranquilo e protegido de todas as preocupações foi-se dissipando.
            Hoje em dia, os pais não têm muito tempo para brincar ou conversar com os filhos porque chegam tarde a casa e os filhos ou têm de estudar, ver televisão ou jogar consola, o que faz com que as relações de pais e filhos se deteriorem com o tempo passando a haver pouca comunicação ou uma comunicação desadequada. Por vezes as crianças/adolescentes tentam chamar a atenção dos pais fazendo alguma asneira, com o objectivo de serem repreendidos e de não serem ignorados.
            Os pais com os seus problemas e stress no trabalho acabam por não se aperceberem do que se passa no seu ambiente familiar. Andam sempre a correr de um lado para o outro, pois muitos pais têm mais que um emprego. E quando chegam a casa além dos problemas que trazem, trazem também trabalho para acabar. Isto faz com que os filhos se refugiem no seu mundo e não se relacionem de forma saudável com os seus pais. As crianças sentem-se tristes, aborrecidas, frustradas e podem desenvolver uma depressão infantil.
            Quanto mais nova é a criança, maior tendência tem para exprimir corporalmente a sua tristeza, através de dores sem uma explicação física para tal, dificuldades respiratórias, eczemas ou alergias da pele, vómitos. A regressão também poderá ser um sintoma, pois a criança adopta comportamentos que já havia ultrapassado (chupeta, fralda). As dificuldades escolares e de concentração, a falta de confiança em si própria, os sentimentos de inferioridade e o isolamento ocupam um lugar privilegiado na manifestação da angústia que vive. As perturbações do comportamento alimentar e do sono poderão estar também presentes. A criança pode ter dificuldades em adormecer ou pesadelos. Todos estes sintomas referidos provocam mal-estar psíquico e limitam o seu pleno desenvolvimento. É importante que os pais não se esqueçam que os seus filhos precisam de carinho, atenção e que se sintam amados.
Podem ser feitas actividades que proporcionam momentos de partilha entre pais
e filhos:
- um passeio de bicicleta;
- um piquenique;
- seleccionar um jogo lúdico para toda a família;
- participar em brincadeiras (escondidas, jogar à bola)
- ler uma história antes de adormecer;
- ir levar e buscar os filhos à escola (de vez em quando, caso não seja costume);
- ajudar os filhos na realização dos trabalhos de casa ou observarem os cadernos diários, questionarem a data dos testes de avaliação;
- assistir às suas actividades extra-curriculares (jogos de futebol, por exemplo);

Um só gesto destes pode fazer toda a diferença! Se uma criança está deprimida é porque sente que tem falta de amor. Desfrute de bons momentos junto dos seus filhos.         

Lara Guina

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Renato Seabra: duas vidas paralelas? Ambição? Pressão psicológica? Surto psicótico? Muitas dúvidas, muitas perguntas....

Muita tinta tem corrido devido ao macabro assassinato de Carlos Castro...
O principal suspeito.....um jovem vindo de uma pacata cidade com uma vida toda pela frente. Um jovem talvez à procura de reconhecimento, fama e com uma grande vontade de "vencer" na vida. Talvez a ambição o tenha feito avançar sempre, arriscando, fazendo coisas contra a vontade, não tendo conseguido parar e controlar a situação. Com duas vidas distintas e paralelas foi à procura do tal sonho. Talvez não tenha olhado aos meios para atingir os fins.
Os familiares, amigos e conhecidos descrevem o Renato como uma pessoa pacata, calma, tímida, pouco faladora. A mãe disse à imprensa que sempre foi um filho bem integrado na sociedade, bom aluno, com actividades extra-curriculares, com amigos, sem nunca lhe ter criado problemas na adolescência, ía à missa e nunca apresentou perturbações psiquiátricas.
Uma adolescência sem conflitos familiares?! Será que um adolescente concorda sempre com os pais? Será que aceita sempre com calma e serenidade os "Nãos" dos pais? A adolescência é conhecida por uma fase difícil, em que parece que o mundo está contra os adolescentes, pois os pais não permitem muita coisa, impõem regras e na maioria das vezes os filhos não concordam com estas....ao não concordarem desafiam a autoridade, discutem as diferentes opiniões, desobedecem e mentem para conseguirem o que querem. Não será esta fase de conflitos familiares saudável? Faz parte do crescimento do Ser Humano. Um adolescente que nunca fez isto, que era tímido, pacato, calado...não é bom sinal!    
A pergunta "Mas o que o terá levado a ter um comportamento tão violento e a matar o Carlos?" é a que tem sido mais discutida nos media. Tem havido muita especulação...pois povo quer, de facto, saber o que aconteceu naquele quarto de hotel.
A irmã do Renato disse à imprensa que algo de muito grave aconteceu, psicólogos e psiquiatras põem a hipótese de o Renato ter descompensado e ter tido um surto psicótico agudo. Dizem que depois do crime o Renato tomou banho (preocupou-se muito com a sua imagem e higiene - não é de esquecer que ele era conhecido, na escola, pelo "Panças", por ser gordinho) e não se preocupou em apagar as provas.
Mas o que terá levado este jovem tão "certinho" a cometer um crime destes? Talvez não tenha aguentado a pressão psicológica. Talvez estivesse a fazer sacrifícios para atingir a fama internacional e obter algum dinheiro. Mas para obter tudo isto, talvez tivesse de dar algo em troca ao Carlos. Ele sabia que o Carlos era homossexual (assumidíssimo publicamente)...ele sabia onde se estava a meter. Talvez pensasse que conseguiria controlar sempre a situação. Tal não aconteceu.....a pressão psicológica deve ter sido muita...os conflitos intrapsíquicos (relacionados com a sua sexualidade) também devem ter sido grandes...e com tanta pressão perdeu o controlo da situação.
Penso que a figura materna podia ter tido aqui outra atitude perante a relação existente entre o filho e o Carlos. A imprensa diz que a mãe não via esta relação para lá da amizade, pois o "Carlos é o pai que ele nunca teve". Será que as mães não questionam os objectos de valor que os filhos trazem para casa? Será que as mães não questionam as viagens para o estrangeiro? Com que dinheiro é que um filho adquire tudo isto? Talvez a mãe se tenha acomodado a esta "luxúria"....
Agora, resta saber a pena aplicada no dia 1 de Fevereiro....

Lara Guina

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Os netos e os avós: uma relação positiva

            Nos dias que correm, existem muitos idosos que vivem em casa das suas famílias. Assim, é natural que não se fale apenas em avós, mas também em bisavós que, hoje em dia ajudam os seus filhos a tomarem contam da geração mais jovem, os netinhos. Isto acontece porque os pais trabalham e necessitam de apoio a este nível. Os avós ainda podem ser pessoas activas na sociedade e não idosos.
            Os avós assumem diversos papéis. Prestam apoio emocional, são um suporte sócio-económico, transmitem toda a sua experiência de vida aos netos, acabando por terem uma grande importância na educação e desenvolvimento da geração mais jovem. Os avós buscam desenvolver nas crianças a socialização, a criatividade e poderão ser figuras de referência, ou seja, poderão transmitir-lhes confiança, afectividade, segurança e sabedoria.
            Quando a mãe é muito jovem ou não está presente, os avós tendem a tomar conta dos netos, no sentido de, serem eles os cuidadores, acabando por se tornarem responsáveis pela educação e desenvolvimentos deles. Alguns autores referem sobretudo a importância da avó materna nos cuidados básicos dos netos, pois estas avós sentem-se como uma mãe substituta. Esta presença da avó é de grande importância não só para a criança, mas também para a própria mãe adolescente que se sente segura e apoiada em muitas tarefas novas para ela.
            Os avós podem ter diferentes significados, dependendo da família em que estão inseridos. Cada família é uma família. Uns avós poderão significar um suporte sócio-económico, outros poderão significar os cuidados básicos e educação e, outros poderão significar as duas coisas. Os avós também são muito importantes em fases menos boas da família, como por exemplo, problemas económicos ou divórcio e, nestas situações, tendem a prestar mais apoio aos netos quando estes têm os pais separados.
            Os netos também têm um papel importante porque, os avós que têm prazer em ser avós, melhoram a sua qualidade de vida, pois não estão tão sozinhos, riem-se, e distraem-se. As crianças não discriminam os idosos e brincam com eles sem vergonha.
            Assim, são imensas as contribuições para o desenvolvimento das crianças decorrentes do convívio entre avós e netos. Imensas também são as contribuições para os avós que mantêm esses relacionamentos fortes com os netos.

Lara Guina

Transtornos emocionais que se reflectem na escola

           A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com os seus pares, com o seu grupo etário e social.  Assim, os professores, com alguma sensibilidade, estão preparados para detectarem problemas cruciais na vida e no desenvolvimento da criança.
            Dentro da sala de aula ocorrem situações significativas, pois as crianças para além de levarem para a escola os seus problemas emocionais, também levam as suas consequências. Assim como por exemplo, uma criança que seja adoptada, poderá exprimir uma depressão; ou uma adolescente, boa aluna, extremamente preocupada com as notas poderá demonstrar a responsabilidade que os pais depositam nela e o grau de exigência por parte dos pais.
            Algumas crianças são mais vulneráveis a transtornos emocionais do que outras. A perda de um dos pais (morte ou divórcio) pode ser vivenciada de diferentes formas em diferentes crianças: enquanto umas encaram esta perda com uma grande angústia, revolta, falta de atenção e uma baixa auto-estima, outras poderão encarar esta situação de uma forma menos perturbadora. Aqui, o professor é um elemento chave para que essas questões possam ser melhor abordadas. O problema varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais indutores de stress na vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças de escola, as exigências adaptativas, o nascimento de um irmão, as discussões dos pais ou a simples adaptação à adolescência.
            O aluno que, todos os dias, é rotulado de mal comportado, poderá ser o reflexo de algum transtorno emocional, por vezes vindo de relações familiares conturbadas, de situações traumáticas. Algumas crianças consideram a escola como um refúgio dos problemas familiares e esta atribuição de rótulos apenas agrava ainda mais a situação destas crianças, deixando-as frustradas, o que acaba por contribuir para um baixo rendimento escolar.
            Os professores têm um papel muito importante na sinalização e no encaminhamento destas crianças para os profissionais de saúde, assim como, os pais, também têm um papel de extrema importância no apoio, na atenção, no carinho e na compreensão a dar a estas crianças. Pois, só assim, estas crianças terão uma boa auto-estima, um bom desempenho escolar e comportamentos mais adequados. É necessário que estas crianças deixem de ser criticadas e rotuladas, para passarem a ser ajudadas. A educação é uma parte importante na socialização, no crescimento intelectual e na prevenção da violência.

 Lara Guina

Quando os pais se separam…

             A separação dos pais representa, para uma criança, uma fase marcante da sua vida. Depende muito dos adultos esta fase ser vivida, na mente de cada criança, de forma mais ou menos atribulada.
            Certos pais, depois da separação, conseguem permanecer como um casal no sentido de serem os pais dos seus filhos. Quando isto acontece, as crianças ficam favorecidas. Se os pais querem que os seus filhos sejam felizes, o vínculo filial deve ser preservado independentemente dos laços conjugais.
            A capacidade que as crianças pequenas têm de diferenciar a realidade da fantasia é pequena, de modo que estas podem, na imaginação, sentir-se responsáveis pela separação dos pais. Se os pais puderem continuar a ser amigos e a compartilhar a responsabilidade e o amor pelos filhos, estes passarão a compreender e a acreditar que não são responsáveis pelo término do relacionamento dos pais.
            Se os pais decidem que vão separar-se, as crianças devem ser informadas e não ser apanhadas de surpresa com o facto consumado, como se elas não tivessem importância nenhuma. E não há nenhuma forma agradável para transmitir as más notícias. Más notícias são sempre más notícias. O nível de conversação deve ser adaptado ao desenvolvimento mental das crianças e alguns cuidados podem ser tomados de forma a minimizar os estragos que o conhecimento dessa realidade vai causar.
            Começar pela presença dos dois (pai e mãe) na conversa é importante, para que a crianças possam sentir que a decisão é dos dois e que não há ressentimentos. E que elas são suficientemente importantes para que a notícia lhes seja comunicada «oficialmente».
            Em segundo lugar, o tom da conversa deve ser de tranquilidade, num ambiente calmo. Os pais devem mostrar que não estão satisfeitos com a situação, que sabem que o ideal para as crianças seria ficarem juntos, mas que tal não é possível.
            Em terceiro, a conversa deve ser centrada nas crianças e não nos pais. Sentimentos de ansiedade, angústia, revolta ou ressentimento, sentidos tantas vezes por um ou os dois progenitores, devem ser deixados de fora nesta conversa.
            Por fim, as crianças devem ser reasseguradas do amor dos pais, em conjunto e de cada um deles. É importante que sintam que os pais vão continuar a ser pais, a estar presentes ao seu lado para as ajudar e amar. E deve-lhes ser dito, sem rodeios, que a culpa da separação não é delas.
            É natural que as crianças façam perguntas. Querem saber porquê, quando, como. As respostas devem ser dadas tendo em conta o grau de desenvolvimento da criança, mas sempre de uma forma clara.
            Uma separação nunca é fácil, implica grandes mudanças num determinado momento da vida, mas os pais têm de ter consciência que os seus filhos também sofrem imenso. Nesta fase as crianças precisam de atenção, carinho, amor e de compreensão. É importante que exista uma relação sem conflitos entre os pais, pois torna o crescimento da criança mais saudável.

Lara Guina

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crianças hiperactivas

     
            Hiperactividade ou incapacidade de estar quieto é um dos muitos problemas com que pais e professores muitas vezes se debatem no seu dia a dia. As crianças não sossegam um minuto e têm dificuldade em permanecer no seu lugar, tendo uma actividade motora excessiva, parecendo ligadas "à corrente". Movimentam excessivamente as mãos e os pés enquanto estão sentadas, levantam-se durante a aula, correm e saltam excessivamente em situações que é inadequado fazê-lo, falam excessivamente e apresentam impulsividade.
            Assim, consequentemente, estas crianças apresentam um défice de atenção. Não prestam atenção suficiente aos pormenores ou cometem erros nas tarefas escolares, dificuldade em manterem a atenção em actividades, não seguem as instruções do professor e não terminam as tarefas escolares, distraem-se muito facilmente e têm muitos esquecimentos. Tudo isto acaba por comprometer o sucesso escolar das crianças.
            Ser pai ou mãe é, geralmente, uma tarefa difícil, mas quando se trata de um filho com hiperactividade e com défice de atenção, requer ainda mais paciência, prática e habilidade enquanto educador. É importante que os pais destas crianças mostrem que as amam e que as apoiam, de forma a ganharem auto-confiança e auto-estima. Também poderá ser positivo criar boas expectativas, focando-se apenas nas coisas boas que as crianças fazem. Os pais devem rodear-se de amigos que dêem valor e que apreciem as qualidades da criança e que compreendam que o seu comportamento não é causado por falta de disciplina ou por má educação. Para que os pais consigam aumentar os comportamentos desejados na criança, devem ser oferecidos incentivos em vez de castigos.
            A escola também assume um papel muito importante nestes casos. A criança deve ser integrada no ensino especial ou no ensino regular consoante as suas necessidades e dificuldades. O processo ensino-aprendizagem deve estar organizado em função das necessidades do aluno, tendo em conta as suas vivências e experiências. Este deve ser delineado procurando desenvolver a capacidade de observação, atenção, memória, calma, concentração, autonomia pessoal e social e expressão. Para além disto, deve auxiliar no desenvolvimento das habilidades e capacidades motoras, capacidade de trabalho individual e em grupo elevar a auto-estima e auto-confiança, assim como o respeito pelas regras sociais. A criança deve ainda, se possível frequentar uma actividade desportiva (karaté, natação, etc.) extra-escolar, ou outras no âmbito da expressão plástica, ou informática, de forma a complementar a aprendizagem das matérias escolares e a utilizar toda a sua energia de forma proveitosa.
            Assim sendo, o sucesso da criança hiperactiva depende de todos os membros da família e da escola, e cada um deve dar a sua contribuição. Isto significa que se devem fazer as coisas de forma concreta e objectiva para que a criança entenda, pois só assim ela irá conseguir, gradualmente, ultrapassar as suas dificuldades.

Lara Guina