Algumas frases retiradas das sessões



Algumas frases retiradas das sessões


"Eu sei o que preciso de fazer para me portar bem, mas não consigo" (C.15 anos); "Eu não sei fazer nada" (N. 8 anos); "Esta semana não me correu bem...é a escola..." (F. 14 anos); "Não gosto daquela professora!Ela chateia-me e eu respondo!" (R. 13 anos); "Quando ouço a professora a dizer que alguém vai ler, o meu coração começa logo a bater" (D. 16 anos); "Os meus colegas gozam comigo, dizem que sou feia e que não sei falar" (C.10 anos).







quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Renato Seabra: duas vidas paralelas? Ambição? Pressão psicológica? Surto psicótico? Muitas dúvidas, muitas perguntas....

Muita tinta tem corrido devido ao macabro assassinato de Carlos Castro...
O principal suspeito.....um jovem vindo de uma pacata cidade com uma vida toda pela frente. Um jovem talvez à procura de reconhecimento, fama e com uma grande vontade de "vencer" na vida. Talvez a ambição o tenha feito avançar sempre, arriscando, fazendo coisas contra a vontade, não tendo conseguido parar e controlar a situação. Com duas vidas distintas e paralelas foi à procura do tal sonho. Talvez não tenha olhado aos meios para atingir os fins.
Os familiares, amigos e conhecidos descrevem o Renato como uma pessoa pacata, calma, tímida, pouco faladora. A mãe disse à imprensa que sempre foi um filho bem integrado na sociedade, bom aluno, com actividades extra-curriculares, com amigos, sem nunca lhe ter criado problemas na adolescência, ía à missa e nunca apresentou perturbações psiquiátricas.
Uma adolescência sem conflitos familiares?! Será que um adolescente concorda sempre com os pais? Será que aceita sempre com calma e serenidade os "Nãos" dos pais? A adolescência é conhecida por uma fase difícil, em que parece que o mundo está contra os adolescentes, pois os pais não permitem muita coisa, impõem regras e na maioria das vezes os filhos não concordam com estas....ao não concordarem desafiam a autoridade, discutem as diferentes opiniões, desobedecem e mentem para conseguirem o que querem. Não será esta fase de conflitos familiares saudável? Faz parte do crescimento do Ser Humano. Um adolescente que nunca fez isto, que era tímido, pacato, calado...não é bom sinal!    
A pergunta "Mas o que o terá levado a ter um comportamento tão violento e a matar o Carlos?" é a que tem sido mais discutida nos media. Tem havido muita especulação...pois povo quer, de facto, saber o que aconteceu naquele quarto de hotel.
A irmã do Renato disse à imprensa que algo de muito grave aconteceu, psicólogos e psiquiatras põem a hipótese de o Renato ter descompensado e ter tido um surto psicótico agudo. Dizem que depois do crime o Renato tomou banho (preocupou-se muito com a sua imagem e higiene - não é de esquecer que ele era conhecido, na escola, pelo "Panças", por ser gordinho) e não se preocupou em apagar as provas.
Mas o que terá levado este jovem tão "certinho" a cometer um crime destes? Talvez não tenha aguentado a pressão psicológica. Talvez estivesse a fazer sacrifícios para atingir a fama internacional e obter algum dinheiro. Mas para obter tudo isto, talvez tivesse de dar algo em troca ao Carlos. Ele sabia que o Carlos era homossexual (assumidíssimo publicamente)...ele sabia onde se estava a meter. Talvez pensasse que conseguiria controlar sempre a situação. Tal não aconteceu.....a pressão psicológica deve ter sido muita...os conflitos intrapsíquicos (relacionados com a sua sexualidade) também devem ter sido grandes...e com tanta pressão perdeu o controlo da situação.
Penso que a figura materna podia ter tido aqui outra atitude perante a relação existente entre o filho e o Carlos. A imprensa diz que a mãe não via esta relação para lá da amizade, pois o "Carlos é o pai que ele nunca teve". Será que as mães não questionam os objectos de valor que os filhos trazem para casa? Será que as mães não questionam as viagens para o estrangeiro? Com que dinheiro é que um filho adquire tudo isto? Talvez a mãe se tenha acomodado a esta "luxúria"....
Agora, resta saber a pena aplicada no dia 1 de Fevereiro....

Lara Guina

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Os netos e os avós: uma relação positiva

            Nos dias que correm, existem muitos idosos que vivem em casa das suas famílias. Assim, é natural que não se fale apenas em avós, mas também em bisavós que, hoje em dia ajudam os seus filhos a tomarem contam da geração mais jovem, os netinhos. Isto acontece porque os pais trabalham e necessitam de apoio a este nível. Os avós ainda podem ser pessoas activas na sociedade e não idosos.
            Os avós assumem diversos papéis. Prestam apoio emocional, são um suporte sócio-económico, transmitem toda a sua experiência de vida aos netos, acabando por terem uma grande importância na educação e desenvolvimento da geração mais jovem. Os avós buscam desenvolver nas crianças a socialização, a criatividade e poderão ser figuras de referência, ou seja, poderão transmitir-lhes confiança, afectividade, segurança e sabedoria.
            Quando a mãe é muito jovem ou não está presente, os avós tendem a tomar conta dos netos, no sentido de, serem eles os cuidadores, acabando por se tornarem responsáveis pela educação e desenvolvimentos deles. Alguns autores referem sobretudo a importância da avó materna nos cuidados básicos dos netos, pois estas avós sentem-se como uma mãe substituta. Esta presença da avó é de grande importância não só para a criança, mas também para a própria mãe adolescente que se sente segura e apoiada em muitas tarefas novas para ela.
            Os avós podem ter diferentes significados, dependendo da família em que estão inseridos. Cada família é uma família. Uns avós poderão significar um suporte sócio-económico, outros poderão significar os cuidados básicos e educação e, outros poderão significar as duas coisas. Os avós também são muito importantes em fases menos boas da família, como por exemplo, problemas económicos ou divórcio e, nestas situações, tendem a prestar mais apoio aos netos quando estes têm os pais separados.
            Os netos também têm um papel importante porque, os avós que têm prazer em ser avós, melhoram a sua qualidade de vida, pois não estão tão sozinhos, riem-se, e distraem-se. As crianças não discriminam os idosos e brincam com eles sem vergonha.
            Assim, são imensas as contribuições para o desenvolvimento das crianças decorrentes do convívio entre avós e netos. Imensas também são as contribuições para os avós que mantêm esses relacionamentos fortes com os netos.

Lara Guina

Transtornos emocionais que se reflectem na escola

           A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com os seus pares, com o seu grupo etário e social.  Assim, os professores, com alguma sensibilidade, estão preparados para detectarem problemas cruciais na vida e no desenvolvimento da criança.
            Dentro da sala de aula ocorrem situações significativas, pois as crianças para além de levarem para a escola os seus problemas emocionais, também levam as suas consequências. Assim como por exemplo, uma criança que seja adoptada, poderá exprimir uma depressão; ou uma adolescente, boa aluna, extremamente preocupada com as notas poderá demonstrar a responsabilidade que os pais depositam nela e o grau de exigência por parte dos pais.
            Algumas crianças são mais vulneráveis a transtornos emocionais do que outras. A perda de um dos pais (morte ou divórcio) pode ser vivenciada de diferentes formas em diferentes crianças: enquanto umas encaram esta perda com uma grande angústia, revolta, falta de atenção e uma baixa auto-estima, outras poderão encarar esta situação de uma forma menos perturbadora. Aqui, o professor é um elemento chave para que essas questões possam ser melhor abordadas. O problema varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais indutores de stress na vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças de escola, as exigências adaptativas, o nascimento de um irmão, as discussões dos pais ou a simples adaptação à adolescência.
            O aluno que, todos os dias, é rotulado de mal comportado, poderá ser o reflexo de algum transtorno emocional, por vezes vindo de relações familiares conturbadas, de situações traumáticas. Algumas crianças consideram a escola como um refúgio dos problemas familiares e esta atribuição de rótulos apenas agrava ainda mais a situação destas crianças, deixando-as frustradas, o que acaba por contribuir para um baixo rendimento escolar.
            Os professores têm um papel muito importante na sinalização e no encaminhamento destas crianças para os profissionais de saúde, assim como, os pais, também têm um papel de extrema importância no apoio, na atenção, no carinho e na compreensão a dar a estas crianças. Pois, só assim, estas crianças terão uma boa auto-estima, um bom desempenho escolar e comportamentos mais adequados. É necessário que estas crianças deixem de ser criticadas e rotuladas, para passarem a ser ajudadas. A educação é uma parte importante na socialização, no crescimento intelectual e na prevenção da violência.

 Lara Guina

Quando os pais se separam…

             A separação dos pais representa, para uma criança, uma fase marcante da sua vida. Depende muito dos adultos esta fase ser vivida, na mente de cada criança, de forma mais ou menos atribulada.
            Certos pais, depois da separação, conseguem permanecer como um casal no sentido de serem os pais dos seus filhos. Quando isto acontece, as crianças ficam favorecidas. Se os pais querem que os seus filhos sejam felizes, o vínculo filial deve ser preservado independentemente dos laços conjugais.
            A capacidade que as crianças pequenas têm de diferenciar a realidade da fantasia é pequena, de modo que estas podem, na imaginação, sentir-se responsáveis pela separação dos pais. Se os pais puderem continuar a ser amigos e a compartilhar a responsabilidade e o amor pelos filhos, estes passarão a compreender e a acreditar que não são responsáveis pelo término do relacionamento dos pais.
            Se os pais decidem que vão separar-se, as crianças devem ser informadas e não ser apanhadas de surpresa com o facto consumado, como se elas não tivessem importância nenhuma. E não há nenhuma forma agradável para transmitir as más notícias. Más notícias são sempre más notícias. O nível de conversação deve ser adaptado ao desenvolvimento mental das crianças e alguns cuidados podem ser tomados de forma a minimizar os estragos que o conhecimento dessa realidade vai causar.
            Começar pela presença dos dois (pai e mãe) na conversa é importante, para que a crianças possam sentir que a decisão é dos dois e que não há ressentimentos. E que elas são suficientemente importantes para que a notícia lhes seja comunicada «oficialmente».
            Em segundo lugar, o tom da conversa deve ser de tranquilidade, num ambiente calmo. Os pais devem mostrar que não estão satisfeitos com a situação, que sabem que o ideal para as crianças seria ficarem juntos, mas que tal não é possível.
            Em terceiro, a conversa deve ser centrada nas crianças e não nos pais. Sentimentos de ansiedade, angústia, revolta ou ressentimento, sentidos tantas vezes por um ou os dois progenitores, devem ser deixados de fora nesta conversa.
            Por fim, as crianças devem ser reasseguradas do amor dos pais, em conjunto e de cada um deles. É importante que sintam que os pais vão continuar a ser pais, a estar presentes ao seu lado para as ajudar e amar. E deve-lhes ser dito, sem rodeios, que a culpa da separação não é delas.
            É natural que as crianças façam perguntas. Querem saber porquê, quando, como. As respostas devem ser dadas tendo em conta o grau de desenvolvimento da criança, mas sempre de uma forma clara.
            Uma separação nunca é fácil, implica grandes mudanças num determinado momento da vida, mas os pais têm de ter consciência que os seus filhos também sofrem imenso. Nesta fase as crianças precisam de atenção, carinho, amor e de compreensão. É importante que exista uma relação sem conflitos entre os pais, pois torna o crescimento da criança mais saudável.

Lara Guina

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crianças hiperactivas

     
            Hiperactividade ou incapacidade de estar quieto é um dos muitos problemas com que pais e professores muitas vezes se debatem no seu dia a dia. As crianças não sossegam um minuto e têm dificuldade em permanecer no seu lugar, tendo uma actividade motora excessiva, parecendo ligadas "à corrente". Movimentam excessivamente as mãos e os pés enquanto estão sentadas, levantam-se durante a aula, correm e saltam excessivamente em situações que é inadequado fazê-lo, falam excessivamente e apresentam impulsividade.
            Assim, consequentemente, estas crianças apresentam um défice de atenção. Não prestam atenção suficiente aos pormenores ou cometem erros nas tarefas escolares, dificuldade em manterem a atenção em actividades, não seguem as instruções do professor e não terminam as tarefas escolares, distraem-se muito facilmente e têm muitos esquecimentos. Tudo isto acaba por comprometer o sucesso escolar das crianças.
            Ser pai ou mãe é, geralmente, uma tarefa difícil, mas quando se trata de um filho com hiperactividade e com défice de atenção, requer ainda mais paciência, prática e habilidade enquanto educador. É importante que os pais destas crianças mostrem que as amam e que as apoiam, de forma a ganharem auto-confiança e auto-estima. Também poderá ser positivo criar boas expectativas, focando-se apenas nas coisas boas que as crianças fazem. Os pais devem rodear-se de amigos que dêem valor e que apreciem as qualidades da criança e que compreendam que o seu comportamento não é causado por falta de disciplina ou por má educação. Para que os pais consigam aumentar os comportamentos desejados na criança, devem ser oferecidos incentivos em vez de castigos.
            A escola também assume um papel muito importante nestes casos. A criança deve ser integrada no ensino especial ou no ensino regular consoante as suas necessidades e dificuldades. O processo ensino-aprendizagem deve estar organizado em função das necessidades do aluno, tendo em conta as suas vivências e experiências. Este deve ser delineado procurando desenvolver a capacidade de observação, atenção, memória, calma, concentração, autonomia pessoal e social e expressão. Para além disto, deve auxiliar no desenvolvimento das habilidades e capacidades motoras, capacidade de trabalho individual e em grupo elevar a auto-estima e auto-confiança, assim como o respeito pelas regras sociais. A criança deve ainda, se possível frequentar uma actividade desportiva (karaté, natação, etc.) extra-escolar, ou outras no âmbito da expressão plástica, ou informática, de forma a complementar a aprendizagem das matérias escolares e a utilizar toda a sua energia de forma proveitosa.
            Assim sendo, o sucesso da criança hiperactiva depende de todos os membros da família e da escola, e cada um deve dar a sua contribuição. Isto significa que se devem fazer as coisas de forma concreta e objectiva para que a criança entenda, pois só assim ela irá conseguir, gradualmente, ultrapassar as suas dificuldades.

Lara Guina